A cidade e as Casas

Imóveis. Não por serem bens imobiliários que geram lucro ou rendimento, não por serem vendidas, não por serem compradas.

Imóveis, porque estão paradas.

Imóveis, no passeio, vendo os carros, as pessoas e os cães a passar.

Imóveis ao longo dos dias, dos meses e dos anos. Imóveis, sob o sol da manhã, do meio dia e da tarde, girando sobre elas. Imóveis sob a luz da lua, espreitando por trás dos seus telhados. Imóveis na Primavera, reflectindo flores nas janelas. Imóveis no Verão, guardando a frescura da pedra dentro delas. Imóveis, no Outono, a chuva escorrendo-lhes pela fachada. Imóveis, resistindo impassíveis aos ventos frios do Inverno.

Imóveis, para protegerem quem nelas habita e se move, imóveis para não acordarem o bebé que nelas dorme. Imóveis  para que não tropece a velha que por elas sobe.

Imóveis durante as modas que vão mudando, que as decoram, as maquilham e mascaram. Imóveis até, perante as máquinas, que as invadem, as esventram e as demolem, até serem só fachada.

Imóveis. Porque, as casas, também morrem de pé.

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