No silêncio da madrugada, ouve-se a batida rítmica de um martelo. Junta-se o grito estridente da serra a cortar madeira e o raspar áspero da espátula a rebocar uma parede. É o som das ferramentas, nas mãos que reabilitam a cidade.
Lentamente, as mãos fazem tudo regressar ao seu lugar.
As telhas realinham-se no telhado, a armadura ondulada da chapa protege de novo a empena e o rufo remata-a com a perfeição de uma bainha metálica. A guarda de ferro assenta de novo no chão de pedra da varanda, o seu desenho de filigrana a ornamentar a fachada. A clarabóia coroa novamente a escada, os vitrais a pintar de luz as paredes da casa.
Pedra a pedra, viga a viga, telha a telha, são mãos que refazem a cidade – gigante obra de artesanato habitada.