A minha rua tem tudo.
Tem um sapateiro, um talho e uma peixaria. Três cabeleireiros, duas esteticistas e uma costureira. Três vidrarias e duas lojas de candeeiros. Uma alfarrabista, três mercearias e cinco lojas de velharias. Um bar, um albergue e duas lojas de máquinas fotográficas antigas. Dois cafés, três tascas e duas frutarias. E uma pichelaria, onde o canalizador usa bigode e fato de macaco azul, tal e qual como nos jogos de vídeo.
Mas, no outro dia de manhã, quando passei em frente ao sapateiro, a porta estava fechada. Tentei convencer-me de que estaria de férias, mas, no fundo, sei. É só uma questão de tempo até aparecer, afixada na fachada, a placa a dizer “Vende-se”.