A cidade está vazia.
Da noite para o dia, desapareceu a multidão que varreu as ruas em tumulto. Também as lojas ficaram vazias, nas prateleiras só sobraram os chocolates do Sporting e do Benfica.
Os últimos habitantes que se avistam, correm apressados para dentro dos carros, carregados. Só os turistas passeiam pela cidade abandonada. Ouve-se o silêncio, como se houvesse neve.
Também as folhas deixaram as árvores. As que ficaram esquecidas, dormem embaladas pelo vento nos seus braços nus.
A luz dourada do sol de inverno mistura—se com a minha solidão e transforma—a em melancolia.
As ruas conduzem-me para a praça. Cruzo-a na diagonal, atravesso a estação, entro no comboio, deixo para trás o silêncio. Não há Natal na cidade.